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Maldito carniçal  Estou andando por essa estrada faz estações, sem vista de um fim,  sem água, sem carros que se passam e sem origem.  Implorando por uma defunção como estréia de algo novo.  queixando-me novamente de uma amargura que finjo ser uma miragem, para o tempo passar mais rápido, a caminhada ser curta e ignorando a ferida. Está aberta a anos, escancarada em minhas costas. E em todas as noites no meu momento mais frágil, a brecha se abre para os malditos carniçais. está aberto a todos,  a carne exposta para o mundo, meu sangue a única coisa de se beber. Vejo a miragem sob o luar, do maldito carniçal. vejo-te, vinto diante da noite, algo que não é do seu costume,  cutucar a ferida empodrecida. bique, se alimente de mim, pois é a única coisa que sobrou para me lembrar de recompor-me e rastejar-me, assim tu, virá de ir embora. Mas agradeço novamente, por me acompanhar  nessa maldita estrada.  Arrogância minha, clamo seu perdão não me deixe me...
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Maresia Seus pés se afundam na areia, e ela sente o calor da terra que não lhe pertence. Mas como é belo ver a lua fazendo as sombras da vida nessas ondas da areia. Ela realmente se questiona se o seu lugar não é esse. Consegue até imaginar a textura da areia, de tantas vezes que a apertou, angustiada. Dói, os pequenos grãos a machucam. Entre receio e desespero. Fuja, para onde te pertence, vasto e totalmente seu, você não brilhará e sim criará o seu mundo.  Corra, corra para o mar e não afunde, dance e pule até o sol não ser mais ele. Seus movimentos são tão territorialistas e fortes que as águas a cercam em filetes. O som é inquietante, não é mais o mar batendo em suas rochas, nem barcos com pessoas dentro falando sobre a vida.   Consegue ouvir? Sua respiração é profunda, quase que sem ar, ela se joga sem ter medo de cair. Escute. Com um nó na garganta e histérica, ela exclama: "TIRE DE MIM, TIRE DE MIM, DE DENTRO" O sal bate em seus olhos e dói, como dói, mas não a faz par...

Cortina

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Vejo-me observada por mim mesma, em meus próprios fragmentos.  Ao meu lado existe um poste, onde em pé estava um palhaço, mudo, nada complexo, apenas um meio termo do espaço liminal excêntrico, sem saber sua capacidade de amar ou sentir a dor, possivelmente podendo flutuar entre todas as gotas do universo, seus olhos soam como o obscuro. Ao seu lado, tem uma vertinosa sentada na ponta das barras do poste, ela olha para frente e se encontra em um cenário de prédios que jamais a impediria de conseguir o que quer, alta e cabelo curto, um grande muro, em que podemos associá-la a uma ideia libertina que está viciada em seu ser erótico. Olhando um pouco para cima, consigo ver uma sombra na porta da sacada. Ao ver melhor, me deparo com outra aberrante. Ela espia com metade do seu rosto todas nós, se esconde como um segredo imaculado e guardado a sete chaves, se unifica a uma pequena fresta de escuro em uma cortina de teatro meio aberta. Seu cabelo batia no chão. Se ouvir com carinho, pode...