Cortina
Vejo-me observada por mim mesma, em meus próprios fragmentos.
Ao meu lado existe um poste, onde em pé estava um palhaço, mudo, nada complexo, apenas um meio termo do espaço liminal excêntrico, sem saber sua capacidade de amar ou sentir a dor, possivelmente podendo flutuar entre todas as gotas do universo, seus olhos soam como o obscuro. Ao seu lado, tem uma vertinosa sentada na ponta das barras do poste, ela olha para frente e se encontra em um cenário de prédios que jamais a impediria de conseguir o que quer, alta e cabelo curto, um grande muro, em que podemos associá-la a uma ideia libertina que está viciada em seu ser erótico. Olhando um pouco para cima, consigo ver uma sombra na porta da sacada. Ao ver melhor, me deparo com outra aberrante. Ela espia com metade do seu rosto todas nós, se esconde como um segredo imaculado e guardado a sete chaves, se unifica a uma pequena fresta de escuro em uma cortina de teatro meio aberta. Seu cabelo batia no chão. Se ouvir com carinho, pode escutar seus sussurros pelos fios da vida eterna.
E tem eu, olhando para o céu, um infinito breu. Onde, finalmente, eu dissocio.
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